Monday, January 17, 2005

22/05/99 - Interlaken



Café da manhã às 8h45 com jornal para ver a previsão do tempo. Vendo o mapa meteorológico (a única coisa que entendíamos no jornal), constatamos que a única nuvem escura estava justamente sobre Interlaken. Na rua, para confirmar a precisão da meteorologia suiça, o tempo nublou e começou a chover. Pagamos (CHF$100,00), carregamos a van com nossas herméticas bagagens, e partimos, comigo dirigindo e o Caio de navegador.

O destino inicial - decidido pelos homens na saída - era Berna. Fomos pela rodovia 6, passando por Thun e, antes de chegar nessa cidade, pegando a A6. A chuva nos acompanhou quase todo trajeto. Chegando em Berna, fomos direto à cidade velha, deixamos a Espace no parking do Cassino e saímos a caminhar. O guarda-chuva, parceiro novo, junto com a gente.

Passeamos pela Kramgasse, com o seu relógio com a animação de bonecos maior e mais antiga da Europa, e também fontes no meio da rua a intervalos regulares. Descendo a rua, atravessamos a ponte (uma das mais belas vistas da cidade velha) sobre o rio Aaren para chegar ao fosso dos ursos, símbolos da cidade. Desde 1580 são mantidos ursos ali. Voltamos, subindo a rua e observando as vitrines, com relógios caríssimos, entre outras coisas. Uma chamou a atenção minha e do Caio, mas causou horror na mulheres: era de artigos para o tiro ao alvo. O Caio gostou de uma zarabatana e eu de um arco-e-flecha, cujas compras foram vetadas veementemente pelas respectivas esposas. Mulheres... Chegamos ao relógio ainda em tempo de ver o espetáculo que acontece de hora em hora.

Ao carro, decidimos seguir viagem. Sem chuva! Ela havia parado durante o passeio pelas ruas de Berna. Pegamos a A12 em direção à Fribourg, e saímos dela para irmos a Gruyeres, uma dica de uma amiga da Karina. Gruyeres é um castelo medieval que foi residência de uma mesma família por dezenove gerações até que foram à falência, sendo adquirido pelo governo e restaurado. Hoje, sedia um Centro Internacional de Arte Fantástica. Visita a CHF$5,00, que fizemos após um lanche na rua. Tem-se uma vista muito bonita de lá, e umas cascas de amêndoa que são de outro mundo. Os palitos de queijo vendidos lá também são dignos de nota.

Neve. Esta era a nossa fixação naquele momento da viagem, e nosso plano era ir em direção ao picos eternamente com neve dos Alpes, que estavam tão longe e tão perto... O plano lógico era visitar uma estação de esqui. A primeira do caminho era Gstaad, para onde fomos por uma estrada sinuosa e estreita, com vistas espetaculares de campos verdes, com casas brancas (e outras cores) em cima de colinas e vacas com sininhos no pescoço. E - claro -, neve no pico dos montes. Passamos por Chateau d'Oex, Soanem, até chegarmos a Gstaad. Lá, fomos direto ao teleférico que leva para a pista para iniciantes, a única aberta no momento. Conversei com a recepcionista que me explicou que aquela hora - 16h55 - não havia mais subida de teleférico e me frustrou dizendo que dificilmente encontraríamos neve lá em cima.

Resolvemos, então, seguir adiante. Iríamos para Montreaux - a oeste de onde estávamos -, ou à Chamonix, na França, mais ao sul. Conforme havíamos decidido previamente, seguimos por uma scenic route, caminhos indicados em nosso mapa como os passeios mais bonitos. Foi aí que nos deparamos com o inesperado: conforme seguíamos pela estrada, aquelas neves que pareciam distantes foram se aproximando até ficarem ao lado da estrada, mas apenas resquícios da neve que havia no inverno ainda não derretidos, sujos. Paramos o carro e fizemos festa com aqueles "resquícios" de neve. Fotos, vídeo, brincadeiras, "guerra de neve".

Satisfeitos, fomos em frente, honrando o lema "retroceder, nunca, render-se jamais". Poucos quilômetros adiante, nova surpresa: mais neve, ao lado da estrada, com cerca de meio metro de espessura desde o chão. Festa, fotos. Cada vez mais extasiados, avançamos por Les Diablerets - o nome do local - passando por paisagens de sonho. A neve tomando conta de tudo, apenas as árvores se sobressaindo no meio do branco, até onde nossa vista alcançava. Era, provavelmente, a mais bela scenic route da nossa viagem, até que acabou. Não a viagem, nem a neve, mas a estrada. Tecnicamente falando, ela ainda continuava ali, mas não poderíamos seguir viagem porque a estrada estava bloqueada por cerca de um metro e meio de neve.

Foi loucura total. Corremos, pulamos, fotos e vídeo. Havia, para falar a verdade, uma passagem por ali. Só que era em curva, numa subida e havia uma fina camada de gelo cobrindo o asfalto. A prudência nos mandava dar meia volta, mas embarcamos todos no carro, colocamos os cintos de segurança, o Paulo (motorista mais experiente) assumiu o comando, acelerou bem, arrancou em alta velocidade para pegar embalo, houve gritos de terror quando nos aproximamos do monte de neve, demos meia volta e fomos à pequena cidade de Les Diablerets. Fizemos ligações telefônicas extras para o Brasil para contar à famílias que havíamos encontrado e - fantástico! - tivéramos nosso caminho bloqueado por neve. Já passava das 18h e decidimos pernoitar naquela pacata estação de esqui nos Alpes suiços. Ficamos no hotel Les Sources, bom hotel com um riacho passando por trás, com correnteza forte pela água de degelo da neve. Banhos e fomos jantar. Por ser baixa estação, muitos restaurantes estão fechados, mas encontramos um bem simpático. O Caio comeu fondeau de queijo, o Paulo e o Marcelo salmão defumado de entrada e porco com molho branco de prato principal. Após a janta, dormimos recompensados pelo inesquecível dia de férias...

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