Saturday, April 08, 2006

11/02/02 – Lindau, Alemanha

(12º dia - Hotel Stift)

Marcelo:

A idéia de viajar não é antiga na evolução do homem ocidental. Deve ter surgido mais ou menos junto com a instituição do casamento. Nada a ver com a lua de mel, é que neste ponto em que o homo sapiens deixou de ser nômade, surgiu a propriedade privada e, para mantê-la, o matrimônio. E a idéia de volta.

A volta para casa – assim como a preparação e a viagem em si – é fundamental para a idéia de viagem. Nômades, ciganos e gafanhotos não viajam: apenas vão de um lugar ao outro. É isso o que as pessoas não entendem quando digo que voltar para casa é tão bom quanto viajar. Para nós, ainda não é a hora de voltar, temos muito pela frente, o que vai tornar a idéia de voltar ainda mais interessante.

Estou escrevendo da Alemanha. Mais especificamente de Lindau, às margens do Bodensee, lago que faz fronteira de três países: Suiça, Alemanha e Áustria. Falando em lagos, assim como pelos alpes, essa é uma viagem por muitos lagos. Passamos por Aix-les-Bains e Annecy, na França, às margens de lagos. Contornamos uma parte do Lac Leman, entre Genebra e Evian. Paramos em Thun, no Thunersee, passamos batido por Interlaken (entre os lagos), visitamos Luzern com seu lago, dormimos às margens do Zurichsee, que hoje contornamos, passando por cima do Wallensee e acabando o dia na simpático Lindau, onde já estivéramos nos últimos dias do ano 2000, na viagem “Natal na Neve”.

Depois do stress que foi achar o hotel ontem à noite, após o banho e mesmo após descrever o dia em nossos diários de viagem, estávamos os dois sem nenhum sono. Meia-noite, o som de alguém roncando num quarto distante, e sem nenhum sono. Apelamos para as drogas: Dormonid para os dois. Uma noite bem dormida e sem sonhos, que acabou com o despertador tocando às 8h.

Seguindo a rotina de férias, café da manhã e estávamos prontos para o checkout às 9h20. Deixamos o hotel Ibis Zurich Technopark e fomos de carro até o parking Urania, o mesmo de ontem. Saímos caminhando até a Banhofstrasse, a avenida das lojas e bancos e, de lá, até a Hauptbanholfplatz, onde fica a estação de trens. Dando meia-volta, seguimos pela mesma Banhofstrasse em direção ao lago, parando num Coop (supermercado) para comprar filme para a máquina fotográfica.

Desviando um pouco da rota principal, subimos até a St.Peter’s Kirche, a catedral gótica de Zurich, que tem o maior relógio de fachada (na fachada) da Europa. De lá, seguimos até a Fraumünster, catedral protestante com belos vitrais de Marc Chagal. Como ela fica próximo ao local onde o rio Limmat deságua no lago, fomos até a ponto para fotos com as duas catedrais ao fundo. Atravessamos para a cidade antiga, fotos na beira do rio, e paramos para comprar o canivete novo da Jacque (o outro foi junto com a bolsa roubada em março de 2001). Dali, seguimos até a Grossmünster, de onde a reforma protestante na Suiça germânica foi liderada.

Alpes 202 - Zurich
Zurich

Após visitar a catedral, nos dirigimos até a Niederdorfstrasse e, na Spiegelgasse, entramos à direita para visitar o local onde era o Cabaret Voltaire (onde iniciou o movimento dadaísta) e a casa onde Lenin morou antes de voltar à Rússia para liderar a revolução. Aliás, próximo à St. Peter’s Kirche, fica a esquina James Joyce, pois foi em Zurich que ele escreveu o clássico (e ilegível, para mim) Ulysses.

Voltamos ao carro e – milagre – foi fácil sair de Zurich. Decidimos ir contornando o lago até Rapperswill (subúrbio de Zurich, praia de lago) para então acessar uma scenic route que passaria pelo Wallensee, cruzando após um pequeno trecho de Liechtenstein para chegar em Bregenz, Áustria, às margens do Bodensee. Então, pegamos a 17 saindo de Zurich, após para a 3 em direção a Näfels e após a Sarganz.

Alpes 204 - Indo para Liechtenstein
Alpes...

Alpes 205 - Visão Alpes e Lagos
... e Lagos


Em Schaan, fronteira da Liechtenstein com a Áustria, paramos para gastar os nossos últimos francos suiços, com chocolates, coca light e picolé. Para entrar na Áustria, controle aduaneiro (com carimbo no passaporte) e viagem pela autoestrada até Bregenz. Lá chegando, demos uma rápida olhada no centro da cidade e decidimos escolher um hotel na beira do lago para ficar. Fomos rodando pela avenida que beira o lago, e como Lindau fica a 8km de Bregenz, já na Alemanha, e é conhecida e simpática, fomos até ela.

Chegando, estacionei na praça em frente à Igreja e fomos ver se havia vagas no Hotel Stift, que tem um restaurante embaixo e – ótimo – estacionamento atrás. O quarto, imenso, para até quatro pessoas muito bem instaladas. Deixamos nossas coisas no quarto e fomos caminhar, passando pela Maximilianstrasse até o porto, no final da tarde, uma belíssima imagem.

Alpes 211 - Lindau
Lindau

Após, caminhamos até encontrar o hotel em que ficamos ano passado. Muitas voltas até encontrá-lo. Voltamos para o quarto e tomamos nosso bom vinho d’Abruzzo. Banho e janta no restaurante do hotel, dois andares abaixo do nosso quarto.

Alpes 212 - Hotel Stift Lindau
Hotel Stift

Muito boa a comida, com cerveja e apfelstrüdel com nata de sobremesa. Amanhã, Innsbruck. Vamos virar a Áustria do avesso, antes de voltar aos alpes italianos.

Até amanhã.

Saturday, April 01, 2006

10/02/02 – Zurich, Switzerland

(11º dia - Hotel Ibis City Technopark)

Jacque:

Hoje o dia foi extremamente pitoresco:

1- Belas paisagens de lagos suiços;
2- Crise de riso com a “musiquinha” do Marcelo;
3- “Stress” do estacionamento;
4- O “Sr Risadinha” no restaurante;
5- “Grande perdida” em Zurich (e arredores) para reencontrar o hotel

Vamos descrever item por item.

1. Belas paisagens dos lagos suiços

Acordamos e tomamos um gostso café da manhã no Hotel Chertreuse de Thun. No corredor do hotel havia uma bandeija de maçãs e, ao lado, um plaquinha que dizia “An apple a day keeps the doctor away”: levei uma para a viagem…

Saindo do hotel, fomos em direção ao centro antigo, estacionamos e caminhamos pelas ruas vazias de domingo, com o som dos sinos da igreja dobrando. Thun é muito bonitinha, bem estilo alemão de casas tipo enxaimel, ruas calçadas com pedras irregulares e banhada por um belíssimo lago de águas transparentes (o Thunersee). Ficamos um tempo observando os cisnes e patos que “tentavam” voar e “estatelavam-se” na água… Muitas lojas de produtos esotéricos e coisas místicas.

Alpes 175

Pegamos o carro, seguimos um pouco e paramos novamente para fotos do lago. É incrível que quase toda volta do lago (que é bem grande) é calçada para que se possa fazer caminhadas, andar de bicicleta, roller ou patinete… muito legal! Continuamos pela maravilhosa rota cênica da beira do Thunersee, comas montanhas nevadas ao fundo (temperatura ±4ºC) até Interlaken, onde apenas passamos de carro pois estava “chuviscando” e já havíamos visitado em 1999. Interlaken, como o nome mesmo diz, é a cidade que fica entre os dois lagos, o Thunersee e o Brienzersee.

Alpes 179

Seguimos pela mesma estradinha “podre de cênica”, agora contornando o Brienzersee. Passamos por Brienz, eu queria parar mas o Cello não quis porque estava uma chuvinha “super-mixuruca”, e seguimos adiante… A estrada então subia uma montanha, e a chuvinha virou em uma “nevezinha” muito suave (temp. 3ºC). Passamos por Lungern, outra cidade à beira de uma lago e continuamos na estrada até chegar a Luzern.

Alpes 180 - O lago e os Alpes

Alpes 182 - O lago os Alpes e o casal

Fomos até o centro, colocamos num parking e saímos para passear. A primeira parada foi para almoço no MacDonald’s com McDeluxe (é tri-bom, com molho de mostarde de Dijon) com batata média e refri médio enormes (CHF 10,50 = R$ 17!). De lá, fomos caminhar pela cidade, dia nublado e vento muito frio. Luzern é banhada pelo belo lado Vierwaldstättersee e no cantro antigo tem a linda ponte de madeira (Kappelbrücke) que é o símbolo da cidade.

Alpes 186 - Lucerna

Alpes 188 - Kappelbrücke Lucerna

Muitas ruas e lojas estavam enfeitadas com máscaras, serpentinas, e balões devido ao carnaval e, de tempos em tempos, passávamos por crianças e adultos fantasiados e maquiados para esfiles de carnaval (as pessoas saem fantasiadas para assistirem os desfiles… roupas e máscaras tipo Halloween, bem bacana, sem apelação). Caminhamos pela beira do lago, pelas ruas do centro antigo com os bonitos prédios de paredes pintadas e pela Kappelsbrücke. Passamos novamente no Mac para usar o toilette e depois seguimos o caminho em direção à Zurich. Por duas vezes tivemos que desviar o trajeto na estrada pois nas cidadezinhas a rua principal estava fechada para o carnaval…

Chegamos em Zurich sem indicação de hotel, cidade grande, custamos um pouco para achar o centro (que também acaba na beira do lago, o Zurichsee). Chovendo, demos uma olhada geral e decidimos procurar hotel mais na periferia, pois os centrais seriam muito caros. Saímos em direção à auto-estrada e vimos a indicação de Hotel Ibis (o da rede francesa). Peguei nosso livrinho do Ibis e descobri que haviam três em Zurich, e decidimos tentar ficar no mais central (City Technopark). Apenas com escassas indicações, rodamos bastante mas acabamos achando (o hotel fica junto ao Novotel e ao Etap, da mesma rede). Hotel novo – foi inaugurado há dois anos –com bom preço (CHF 99,00 + parking + früstick)> Largamos as coisas no quarto e saímos em direção ao centro para visitarmos a cidade. Antes de sairmos, o Marcelo tirou a camiseta que estava usando por baixo da blusa de lã pois estava com calor. Aí vem o item 2…

2. Crise de riso com a “musiquinha” do Marcelo

Estamos nós no carro, procurando as indicações do centro e do lago, e o Marcelo começa a cantarolar baixinho (com a melodia da música “Adocica”, do Luís Caldas):

“Ai, pinica, meu amor
Ai, pinica,
Ai, pinica, meu amor
A minha camisa…” (querendo dizer que a camisa de lã estava coçando).

Nem foi engraçado, mas eu tive um terrível ataque de riso convulsivo… chorava de rir, o Marcelo nem conseguia entendero que estava acontecendo…

Chegamos ao centro, haviam diversas indicações de parkings, entramos em uma na entrada de um túnel, que estava com a cancela fechada e paramos para ver como funcionava:

3. “Stress” do estacionamento

Enquanto tentávamos entender como se fazia para abrir acancela do que achávamos ser um parking público, uma voz começou a falar em alemão, muito alto, da “pequena caixinha” que imaginávamos onde seria o lugar de pegar o ticket, o Marcelo falou, em português (?!) algo do tipo “onde abre” e depois perguntou em alemão se falava inglês e a voz berrou “NO PARKING HERE, NO PARKING HERE!”, tomamos um baita susto e saímos de fininho. Conseguimos finalmente estacionar no parking URANIA.

Alpes 201 - Zurich

Fomos, então, caminhar pela Banhofstrasse, a principal rua de comércio “chique” e dos grandes bancos de Zurich, com vento frio e razoável movimento, pena que tudo fechado. Seguimos a pé até a beira do lago e atravessamos a ponte sobre o rio Limmat para o bairro universitário, lugar mais alternativo com ruas estreitas, muita gente caminhando e vários restaurantes, bares, cafés, casa noturnas e “inferninhos”. Caminhamos para um “reconhecimento”, passamos pela igreja Grossmünster (estava fechada) e paramos em um internet point para lermos e enviarmos emails (recebi um da Kaká com fotos e tudo) e para o Marcelo enviar A Sopa. Pegamos dois computadores por meia hora (CHF 5,00 = 30min).

Alpes 198 - Rio Limmat Zurich

Quando saímos já estava escuro, mas eram recém 18h15. Como estava muito frio, caminhamos mais um pouco e vimos que a maioria das pessoas já estava jantando. Optamos por jantar cedo para retornarmos cedo ao hotel.

Escolhemos o italiano Santa Lucia (comida italiana sempre é mais barata…), lugar bonito e quentinho, sentamos em uma mesa junto à janela da rua e em seguida o garçom separou nossa mesa em duas (cerca de dois centímetros uma da outra…) e colocou um “fumante” junto anós…

4. O “Sr Risadinha” no restaurante

Pedimos nossas pizzas, eu quatro queijos e o Cello Santa Lucia e duas Heineken. O cara que sentou ao lado (parecia falar inglês) sentou sozinho, pediu a comida e,cada trinta segundos, tinha um “acesso de riso”. No início achei que ele estava entendendo o que falávamos e ria disso, depois que achei que ele lembrava de alguma coisa muito engraçada (tipo a musiquinha do Marcelo), mas no final percebi que o cara era FORA DA CASINHA mesmo, aquilo era tipo um tique, muito angustiante… Tomamos um café e saímos (conta = CHF 53.00 + gorjeta = 60.00).

Retornamos ao estacionamento com um chuvinha leve e a bela visão das luzes da cidade refletidas no rio Linnat. Saímos com o carro e daí recomeçou o drama.

5. “Grande Perdida” em Zurich a arredores

Não sabíamos, ou lembrávamos, exatamente que caminho fazer para voltar ao hotel. Na primeira tentativa, “erramos feio”: pegamos uma indicação para o aeroporto e acabamos entrando num túnel imenso e, após alguns quilômetros, havíamos saído de Zurich e tivemos que dar algumas voltas para retornar até a cidade. Rodamos por algum tempo ao redor da estação férrea e arrodores, sem sucesso… não achávamos nenhuma posta do hotel. Passamos por ruas desertas, por lugares meio esquisitos, até que – após mais ou menos 45 minutos rodando – por sorte encontramos uma indicação que nos fez achar a pequena placa de rua que indicava o Hotel Ibis e chegar aqui. Exaustos, chegamos para o banho e escrever nossos diários. Na TV passam imagens dos Winter Games de Salt Lake City.

Bom, esse foi o longo dia de hoje.

Estou cansada. Até.