Acordamos animados, reunimos o grupo e, de metrô, fomos até a estação Louvre, próximo ao museu, para tomarmos café da manhã. Para frustração daqueles que esperavam croissants e baguetes, o nosso petit dejeneur foi no McDonald's. McMorning, uma refeição composta de panquecas, bolo, suco de laranja e café preto (com ou sem creme).
Alimentados, fomos ao nosso primeiro objetivo: o Museu do Louvre, com sua pirâmide em frente. Chegando lá, muitas pessoas em frente, alguma revolta, e o choque: GREVE. A mesma greve que havia nos impedido de conhecer o Château Azay-la-Rideau, dos funcionários do ministério da cultura francês. E que nos impediria de conhecer os museus de Paris. Frustrados, tiramos fotos em frente à pirâmide, com o céu anunciando chuva em breve. Mau sinal: museu em greve e possibilidade de chuva.
Receosos, decidimos seguir para Montmartre e conhecer a Catedral de Sacré-Couer, de onde se tem uma impressionante vista da cidade e dos "Telhados de Paris" (em casa velhas, mudas...). Montmartre é o bairro que, no final do século XIX, era o ponto de encontro de artistas, escritores, poetas e seus discípulos que iam para os bordéis, cabarés e teatros de revista. Muitos turistas vão para lá e sobem a colina, principalmente até a catedral e a Place du Tertre, onde ficam os vendedores de souvenirs, os retratistas e os artistas de rua.
Saímos, então, do Louvre e pegamos o metrô em direção à Montmartre. Chegando lá, já havia parado de chover. Em outras palavras, choveu enquanto viajávamos de metrô. E choveu muito, granizo, até. Descobrimos isso observando as pessoas arrumando suas barracas de souvenirs e, nos cafés, tirando pedras de gelo das mesas da rua. Subimos a colina com muito esforço, com o calor aumentando. Lá no alto, ainda sem a melhor vista da cidade e da basílica, passeamos por entre os artistas de rua vendendo pinturas sobre a cidade, camisetas, bonés, etc.
Quando enfim chegamos em frente à Sacré Couer, o sol já brilhava e o calor começava a incomodar (não muito, pois quase nada incomoda um turista que esteja em Paris). Enquanto eu fornecia valiosas informações a respeito do local que visitávamos, ninguém prestava a mínima atenção ao que eu dizia, óbvio. Entramos para conhecê-la, e era - para nossa sorte - hora de missa. É de tirar o fôlego, imagino que até para quem não é religioso, a beleza do interior somada com a atmosfera criada por uma missa rezada em francês. O interessante é que o fluxo de visitantes continua mesmo durante a missa, pois existe delimitado um perímetro que circunda o interior e no centro desse é que é esta é celebrada. Permanecemos acompanhando a cerimônia por alguns minutos (por uma questão estética, não que estivéssemos entendendo algo...), fizemos o roteiro interior e voltamos para o lado de fora.
Grande visão da cidade, e seus telhados que sempre me lembram da música do Nei Lisboa. Fotos e fotos. Seguindo orientação de nosso guia de Paris (Guia Visual Folha de São Paulo), decidimos visitar as galerias da cripta. Para isso, compramos ingressos. Na hora da compra, tínhamos que optar entre visitar apenas a cripta ou visitar também a cúpula oval, que é o segundo ponto mais alto de Paris, atrás apenas da Torre Eiffel. Optamos pela primeira alternativa, o que o Paulo e a Karina com a Roberta não viram porque vinham mais atrás e só chegaram na bilheteria quando já havíamos descido para a cripta.
É na capela da basílica que está uma urna de pedra que contém o coração de Alexandre Legentil que, junto com Rohault de Fleury, deu início a construção da basílica, após Paris ser poupada de uma invasão e escapar de um massacre, apesar do cerco a que foi submetida durante a guerra franco-prussiana. Foi como pagamento de promessa que foi construida esta catedral dedicada ao Sagrado Coração de Jesus.
O silêncio da cripta não é tão angustiante quanto o mal estar provocado pela mistura de umidade e pequenas dimensões da cripta da Catedral de St-Benigne, em Dijon. Porém, a necessidade de permanecer em silêncio e em atitude respeitosa é praticamente uma imposição que parece vir das paredes cheias de histórias do local.
Enquanto olhávamos em detalhes cada metro quadrado da cripta, lendo as inscrições em suas paredes, o Paulo, a Karina e a Beta também entraram para conhecê-la. Provavelmente, neste momento, estávamos na capela em que está a urna com o coração de Legentil e, por isso, não nos encontraram, pensando que tínhamos resolvido subir a cúpula oval. Subiram.
Ao mesmo tempo em que eles subiam, nós (Caio, Aline, Jacque e eu) saímos e começamos a procurar o casal X e a x'. Andamos em volta da basílica, voltamos à Place du Tertre, retornamos à frente da basílica e, quando estávamos quase indo embora, imaginando que eles tinham desistido de ficar junto a nós, eles apareceram vindo da cúpula oval. O relato foi curto e grosso: horrível. A subida, pela escada em espiral que leva ao topo, foi traumatizante, segundo a Karina. Ela teve que subir grande parte com a Betinha no colo, a escada estreita, sufocante. Além disso, não dava para desistir antes de chegar até o topo. Claustrofóbica experiência. A vista lá de cima - descrita como belíssima - não vale a subida, no depoimento da sra X...
Com o grupo novamente completo, descemos as escadas que levam aos jardins abaixo da basilíca, que proporcionam a melhor vista da cúpula e torres da Sacré-Couer. Lá, almoçamos sanduiches de baguetes. Após um descanso nos jardins, à sombra e olhando as pombas (eu ainda não tinha adquirido a minha aversão atual por estas aves, depois falo disso), caminhamos em direção ao metrô para seguirmos nosso roteiro por Paris.
Fomos até a estação Anvers e pegamos a linha 2 em direção à Porte Dauphine e depois de uma baldeação, até a Place du Trocadéro para termos uma melhor visão da Torre Eiffel. É nesta praça em que fica o Palais de Chaillot, palácio que foi desenhado em estilo neoclássico para a Exposição de Paris de 1937. É composto de dois pavilhões, e entre eles tem-se um vista privilegiada da praça com as fontes do Trocadéro e a Torre Eiffel. Dali, fizemos as clássicas fotos em frente a torre, que estava com um mostrador com uma contagem regressiva para o ano dois mil (em 30 de maio, faltavam 216 dias), cada casal separadamente e uma com todos os Perdidos. Após as fotos, a separação: o Caio e a Line foram subir na Torre Eiffel e o resto do grupo foi passear pela Champs-Elysées.
A Torre Eiffel, uma dos principais símbolos de Paris, foi projetada por Gustave Eiffel para a Exposição Universal de 1889. Deveria ter sido uma atração temporária, mas acabou ficando e não se consegue imaginar Paris sem ela. Tem, no seu terceiro andar e ponto mais alto a ser visitado, 274 metros de altura e, em dias claros, consegue-se enxergar 72km de distância. O Caio e a Line subiram até o alto, e atestaram a validade do passeio. O Paulo, a Karina e a Jacque já tinham subido e não quiseram ir. A Jacque até disse que se eu, que estava em Paris pela primeira vez, quisesse, ela iria. Resolvi não ir. Por quê? Não tenho nem idéia, fica para a próxima.
Enquanto o casal Z tinha a sua experiência vertical em Paris, o restante do grupo, saindo do Trocadéro, seguiu pela Ave Du President Wilson até a Place Charles de Gaulle, onde fica o Arc de Triomphe, um impressionante arco com 50 metros de altura, construído por iniciativa de Napoleão. Da praça onde fica o arco partem doze avenidas, e lá é o ponto de partida para a maioria das celebrações e desfiles de vitória. Entre as avenidas que partem do arco, a mais famosa - a mais famosa de Paris - está a Champs Elysées.
É na Champs-Elysées que ocorrem os grandes desfiles cívicos e miltares e as comemorações populares, como a vitória da Copa do Mundo de 1998, perante o Brasil. Calçadas amplas, cafés, lojas caríssimas, hotéis cinco estrelas e cinemas atraem multidões de parisienses e de turistas. Como bons turistas, seguimos por ela, curtindo a tarde agradável nos seus jardins. Na altura da Ave Winson Churchill, entramos à direita em direção ao Sena, passando entre o Grand e o Petit Palais para chegar na Pont Alexandre III, com suas colunas com estátuas douradas de querubins, ninfas e cavalos alados nos dois extremos, de estilo Art Noveau, que é a ponte mais famosa de Paris. Segundo o Paulo: a ponte, o Sena com a Torre Eiffel ao fundo, são um resumo de Paris. Afirmação com a qual eu não apenas concordei como repeti exatas vinte e seis vezes nas 24 horas seguintes...
Apreciando a margem do Sena, fomos caminhando até a Place de la Concorde, já chegando nas Tuileries. Esta é uma das praças mais famosas do mundo, pois tem cerca de 8 hectares em pleno centro de Paris, e foi ali - quando se chamava Place de la Révolution - que morreram guilhotinados Luis XVI, Maria Antonieta e os líderes revolucionários Danton e Robespierre. A praça possui um obelisco de Luxor, de 3200 anos, e estátuas (oito) representando cidades francesas. Durante todo este passeio pela Champs-Elysées até a Place Concorde, vimos muitos carros enfeitados para casamentos, muitas noivas passando nos carros, e o mais legal foi que, quando estávamos próximos ao obelisco, um carro com noivos parou, estes desceram, atrás desceram amigos e ficaram todos juntos filmando em vídeo o casal e depois foram embora. Depois, caminhamos até o metrô e voltamos para o hotel para reunir o grupo, descansar, tomar banho e depois sair para jantar.
Descansados e limpos, rumamos para St.-Germain-des-Prés, região que ficou famosa por ser o local de reunião da vida intelectual parisiense depois da Segunda Guerra Mundial. Seus cafés reuniram músicos, escritores, e filósofos, como Sartre e Simone de Beauvoir. Atualmente, a área é bem mais rica do que no passado, mas ainda é freqüentada por intelectuais. A Igreja que dá nome a região é a mais velha de Paris, e no seu interior, entre outros, está o túmulo de Descartes. Circulamos por suas estreitas ruas cheias de restaurantes dos mais variados tipos, e cafés famosos como o Le Procope, o De Flore e a Brasserie Lipp. O café Le Procope foi fundado em 1686, e diz-se ser o café mais antigo do mundo, e entre os seus freqüentadores incluem-se Benjamin Franklin, o filósofo Voltaire e mesmo o jovem Napoleão. Pela quantidade e variedade de estabelecimentos para escolhermos, foi uma decisão difícil, até que escolhemos um e entramos. Como o nosso francês era precário, para não dizer ridículo, tentávamos nos comunicar em inglês.
Todos escolhemos sem problemas os mais variados tipos de menus, como - por exemplo - o porco com mel que eu e o Caio comemos, mas a Karina achava todas as opções ruins. Ela resmungava que "tudo era porcaria" que apenas queria um filé simples, o que não constava no cardápio. Merda era outro termo usado. O maitre, solícito, respondia em inglês as perguntas dela, que se lamentava em português. Estávamos num impasse, até que, enquanto a Karina dizia que só queria "um bife com salada" e ele oferecia um filé um pouco mais rebuscado, ele virou-se para nós e disse: "Mas é o mesmo preço...". Isso, em português. Rachou-nos a cara: ele era de Portugal e estava entendendo tudo o que dizíamos...
Refeitos do vexame, tivemos uma ótima janta, que apenas foi frustrada na hora da sobremesa. Ainda impressionados com o creme brulé que havíamos comido em Melun, pedimos o mesmo. O Caio, que não havia comido pediu também. A frustração foi que eles adicionavam anis à receita, o que torna o doce de gosto duvidoso. Para ser do contra, o Caio insiste em dizer que o doce é melhor assim.
Saindo do restaurante (não me perguntem o nome nem como chegar), com a agradável noite de verão, decidimos voltar à Torre Eiffel. Andamos pela Boulevard St.-Germain e pegamos o metrô na estação Mabillon. Chegando ao Trocadéro, o extasiamento: a noite clara, o céu estrelado, e a lua cheia bem ao lado da torre. Muitas pessoas reunidas, grupos tocando atabaques, descontração e música. Fotos. Próximo à meia-noite, e perto do horário do último metrô da noite, voltamos para o hotel.
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