Café da manhã emocionante, o último em um hotel Ibis antes de entrarmos em Paris, e provavelmente o último em um hotel nesta viagem, porque de agora em diante faremos numa patisserie ou boulangerie qualquer, como parisienses natos. Emocionados também porque estamos prestes a fazer a última viagem com a Renault Espace, que não era esperança mas era "van" e que foi grande companheira de viagem nunca "nos deixando na mão".
Malas em ordem, carro cheio, check out feito, adeus emocionado ao hotel e à Julia Roberts (ver dia anterior), chamada do cinto feita, iniciamos a derradeira viagem dos Perdidos na Espace em solo francês. O Paulo como piloto e o Marcelo como co-piloto (quem deixou?!).
Saímos de Melun pela A56 que se continuava como N104, na saída 13 trocamos de autoroute para a A4 e chegamos a Paris pela Pte Bercy, já com a Jacque de navegadora. Pequenos desencontros depois, achamos o Hotel de France, um duas estrelas na Rue Monge, no Jardin des Plantes. Simpático hotel, com quartos pequenos mas confortáveis. Uma grata surpresa. Mais ou menos instalados, o Paulo o Caio, a Line e eu fomos entregar o carro na Renault, no terminal T9 do aeroporto Charles de Gaulle (CDG).
Ainda desacostumados com a geografia de Paris, tivemos alguma dificuldade até achar o caminho para o aeroporto. Lá, com os corações partidos e olhos cheios de lágrimas (sem chorar porque homem não chora...) devolvemos a Espace à Renault, onde ela conviveria com outros iguais a ela e seria feliz...
A partir de então, sem carro, nos atiramos de cabeça no transporte coletivo parisiense. Fomos até a estação do RER B e o pegamos em direção à Gare du Nord. Na estação Châtelet/Les Halles descemos e fizemos a baldeação caminhando até a Châtelet, onde pegamos a linha 7 em direção à Villejuif/Ivry, descendo na estação Censier Daubenton, a mais próxima do hotel.
Foi durante a baldeação que o Caio e a Line se separaram de nós, indo em direção à Champs Elysées. As irmãs Rizzolli e a pequena x' haviam ido ao jardim botânico e zoológico e almoçado lá. O Ménagerie, o mais antigo zoológico da França foi construído para alojar os animais sobreviventes do Ménagerie de Versalhes - os quatro que sobraram. Foi durante a Guerra Franco-Prussiana, quando a Prússia invadiu a França em 1870 e manteve cerco de quatro meses a Paris, instigado pelo estadista prusso-germânico Otto von Bismarck, a fome fez com que os parisienses comessem quase todos os animais do zôo. Os que sobraram, então, foram abrigados neste zoológico, que atualmente se especializa em pequenos mamíferos, insetos, pássaros, e répteis.
Quando o Paulo e eu voltamos ao hotel, como elas já haviam almoçado, fomos comer num restaurantezinho na frente do hotel, assistindo jogo de tênis na TV. O que comemos? Singelas salsichas com fritas. Após, fomos - casal X, x' e casal Y - começar a degustar Paris a pé. Seguimos caminhando pela Rue Monge, a do hotel. Monge foi matemático e foi o fundador da Escola Politécnica de Paris. Quase uma continuação da Rue Monge, entramos na Rue des Écoles, onde fica a Sorbonne, já no Quartier Latin, então entramos à direita e caminhamos em direção ao Sena. Caminhamos até a beira do rio, atravessamos a Petit Pont e fomos até a frente da Notre Dame, na Ile de la Cité.
A catedral de Notre Dame, obra-prima gótica, foi erguida sobre um antigo templo romano. A construção demorou 170 anos, sua primeira pedra foi colocada pelo Papa Alexandre III em 1163 e nela trabalharam milhares de arquitetos góticos e artesãos medievais. Foi concluída em 1330; em 1793, revolucionários a saquearam e mudaram seu nome para Templo da Razão. Neste dia não conseguimos entrar para conhecê-la, pois estava fechada e só entravam nela religiosos, que, aos milhares, espalhavam-se ao seu redor.
Gente, por sinal, era o que não faltava em Paris naquela tarde de sábado. Milhares, multidões se apertavam e se batiam onde quer que se fosse. Calor. Além das bilhões de pessoas que andavam pelas ruas de Paris naquele dia, estava quente, muito quente. Da Notre Dame, seguimos para a rive droit, lado direito do Sena, passando em frente ao Hôtel de Ville, a prefeitura. Ela fica a beira de uma praça que era o local mais freqüente de execuções na forca ou na fogueira. Foi ali que Ravaillac, assassino do rei Henrique IV em 1610, foi esquartejado vivo, seu corpo puxado por quatro cavalos e despedaçado. Disgusting.
Caminhando pela agradável tarde quente e cheia de gente de nossa estréia em Paris, fomos até a Place Igor Stravinsky, em frente ao Centre Georges Pompidou, onde fica o Museu Nacional de Arte Moderna. É dito que é um edifício pelo avesso: escadas rolantes, elevadores, tubulações ficam do lado de fora. No museu, estão obras de Matisse, Picasso, Miró, entre outros. Não pudemos entrar, porque estava em reformas preparatórias para o ano 2000. Muitos artistas de rua fazendo música, vendendo camisetas e outros souvenirs. Caminhamos mais um pouco, passando pelo Forum des Halles e voltamos à rive gauche, para como verdadeiros parisienses que já éramos (ou queríamos ser), sentar num dos incontáveis cafés e curtir o fim de tarde. Ao invés de café, pelo calor, tomamos cerveja e sorvete. Nota dez.
De volta ao Hotel, já quase noite, descanso, banho, um pouco de TV e preocupação com o local da primeira janta na cidade. Reunido todo o grupo novamente, resolvemos jantar numa pizzaria quase em frente ao hotel, a La Comedia. Como o grupo era grande, conseguimos mesa apenas no subsolo (e não na rua como queríamos). Lugar agradável, mas parecia uma cripta. Comida realmente muito boa (pizzas, massas).
Antes de ir dormir, o Paulo e eu resolvemos ter um contato com o que acontecia no Brasil (principalmente com nossas contas bancárias...). Para isso, fomos a um cybercafe que havíamos visto durante o nosso passeio da tarde. Lá, descobrimos que de café aquilo não tinha nada. Era um ponto de encontro de nerds que ficavam jogando um contra os outros em rede jogos de computador.
Paris, Paris..
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