Tuesday, January 31, 2006

03/02/02 – Paris (4º dia)

(Hote Minerve)

Jacque:

Buon jour, Paris!

Acordamos (a muito custo) às 8:30 só porque o despertador tocou… O Neni só gemeu e virou para o lado para dormir enquanto eu comecei a me arrumar e o Marcelo foi fazer a barba.

Descemos para o café e, quando voltamos, os meninos decidiram que iam demorar um pouco mais, para poderem ir ao banheiro… enquanto “disputavam” quem iria primeiro, eu desci para uma caminhada e combinamos o nosso reencontro em 30 min no saguão.

Saí para um tranquila caminhada na manhã nublada de domingo. Subi a primeira quadra da Rue Monge e após peguei a Mouffetard, que é uma rua muito agradável, parte restrita para pedestres, repleta de lojinhas, boulangeries, pasticerries, restaurantes e várias fruteiras. Muitas destas expõem seus produtos na calçada, ficando com um agradável aspecto de feira-livre… Retornei pela Monge, onde também tinha uma feira livre com belíssimas bancas de queijos, frios e frutas, além de um enorme aroma de frango assado, que se espalhava por toda quadra!

Reencontrei os guris e então seguimos a pé por trás da Notre Dame até chegarmos à Ile de Saint Louis, bairro residencial e de lojinhas chiques com mil e uma “inutilidades”, todas muito bonitinhas. Cruzamos para a Rive Droit e caminhamos até a place da Bastille, onde está a coluna de Juillet, um monumento em forma de coluna de 52m de altura, com coloração esverdeada, muitas inscrições nas laterais e, no topo, a estátua dourada do “Gênio da Liberdade”. É neste lugar que ficava a antiga prisão que foi atacada pelos revolucionários em 1789, a “queda da Bastilha”, inicando a revolução francesa. No outro lado da praça encontra-se a moderna e imensa Ópera da Bastilha, inaugurada em 1989.

Alpes 053

Continuamos caminhando pelo bairro de Marais até a Place des Voges, lindíssima, perfeitamente simétrica, cercada por um conjunto de prédios cor de tijolo e bege (parecem aqueles “toquinhos” de madeira para montar). As fontes estavam sem água, mas mesmo assim o ambiente é realmente um charme… Nas galerias que cercam a praça (embaixo dos prédios) encontramos cafés, antiquários, lojas e havia um quarteto tocando jazz em troca de alguns trocados… os caras tocam tri-bem… Não preciso dizer que o Marcelo já ficou todo “faceirinho”, dizendo que iria trazer o Magno, o Márcio e o Dani para viajarem, tocarem, e “faturarem” alguns trocos… Saímos para procurar a estação do metrô e, enquanto olhávamos o mapa, um senhor idoso muito simpáticos se ofereceu para nos ajudar e mostrou onde ficava o metrô.

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Pegamos o metrô e os guris ficaram na estação do Louvre e eu segui até a Place de la Concorde (duas estações depois), de onde segui calmamente a pé pela Ponte de la Concorde, Avenue Marechal Galieni (até a frente do Les Invalides) e após – finalmente – cheguei ao meu destino: Musée Rodin!

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Entrei nos portões do Hôtel Biron, imponente maison onde morava e “esculpia” o grande escultor francês Auguste Rodin, e – para minha agradável surpresa – não só no Louvre, mas, em todos os museus de Paris, o primeiro domingo do mês é gratuito! Iniciei meu passeio pelos jardins da maison, muito amplos e tranquilos, onde está o bronze (reprodução) d’O Pensador, os bronzes (um dos originais) do ‘Portões do Inferno’ – estupendo! – e dos ‘Burgueses de Callais’, além de outras obras de seus discípulos que foram “assinadas” por Rodin por reconhecimento da qualidade da obra.

Após, entrei no museu propriamente dito, por onde segui lentamente apreciando as obras de Rodin, com destaque para o Beijo, o homem caminhando, São João Batsita, Eva, as três sombras (do topo do ‘Porões do Inferno’) e a belíssima sala dedicada à sua aluna-colega-amante, a genia; Camille Claudel, com ‘A Maturidade’, ‘A Suplicante’, “A Valsa’, ‘A Onda’, etc. Muito lindo!

Como ainda faltava cerca de uma hora para a hora de reencontrar os guris, saí calmamente caminhando pelas ruas de Paris, admirando cada vista desta cidade que cada vez me encanta mais… A visão da belíssima dôme do Les Invalides, a tour Eiffel por entre os galhos secos das árvores, a estonteante Pont Alexandre III, o Sena (ah, o Sena…). Desci pela Pont Alexandre III até a margem do Sena e fui caminhando junto com jovens, crianças e famílias inteiras que circulava de roller, patins e patinetes (aliás, muitas pessoas utilizam os rollers como meio de transporte e circulam em altíssima velocidade, e um deles tinha até buzina!).

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Subi de volta na Pont Solferino, que sai mais ou menos no meio das Tulleries. Segui até o nosso ponto de encontro e os guris já estavam lá me esperando sentados nas cadeiras aoi redor de um dos laguinhos do parque das Tulleries. Atravessamos a Rue Rivoli e fomos até a chiquérrima Place Vendôme (aquela das jooalherias – Cartier, Rolex, Cleef and Arpeels, Tiffanys Co e do famoso Hotel Ritz). Caminhamos pela Rue de la Paix até a frente da Ópera Garnier, um prédio soberbo de 1862, projetado por Charles Garnier para Napoleão III.

Eu e o Cello paramos para almoçar no Brioche Dorée – sanduíches de baguette deliciosos, o meu de frango “Le Poullet” e o dele “Le American”: queijo, presunto, ovos, picles. Completamos a “lauta” refeição com uma tarte au fraise (morango) e uma tarte au chocolat et banane: DEZ! O Neni optou por comer um cachorro quente no caminho. Seguimos até a La Madeleine e retornamos à Place de la Concorde, seguindo no contra-fluxo de milhares de pessoas que circulavam pela Champs-Elysées (um típico domingo em Paris). Não conseguimos encontrar aberta a casa de câmbio que estávamos procurando, mas conseguimos outra com câmbio quase tão bom(1 Eur=0,88 USD ou 1 USD=1,13 Eur).

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Pegamos o metrô e, exaustos, retornamos ao hotel para descansar e tomar banho antes de sairmos para a janta de despedida – pizza – no La Comedia, e depois ao internet point que descobrimos ontem.

Au revoir, Paris… até a próxima!

22:30 – Tivemos um lauto jantar com pizzas que mal cabiam na mesa de tão grandes… Comemos até “estourar” e, mesmo assim, o Neni e eu não conseguimos comar toda nossa pizza. Além disso, o Cello e eu tomamos um caneco de 500ml de chopp cada um. Saímos “gemendo” do La Comédia com um vento muito gelado soprando nas ruas de Paris… fomos até as ruazinhas dos restaurantes gregos onde ontem havíamos descoberto um internet point mais barato (da rede Easy everything – vulgo “tudo fácil”).Por 1† cada, pegamos três computadores para acesso por 37min. Vi meus emails e mandei um para o Chefe, para a Dani e para a Kaká. Na verdade, foram pequenos bilhetinhos, pois o teclado é absurdamente diferente do nosso e é impossível acentuar as palavras, o que torna tudo mais lento!

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Bom, estamos novamente nos despedindo da Cidade-Luz. Amanhã é pegar o carro e pé na estrada (quase) sem destino!

Boa noite!

Wednesday, January 25, 2006

02/02/02 – Paris (3º dia)

(Hote Minerve)

Marcelo:

Havíamos marcado com o Neni para sairmos às 9h15. Ele atrasou e, enquanto esperávamos, notei que a diferença dos valores das diárias dos quartos duplos e triplos era de †11, menos do que ele estava pagando no albergue. Então, decidimos convidá-lo para ficar com a gente pagando só a diferença.

Achou ótimo, mas já havia pago a diária de hoje do albergue. Voltou até o mesmo para tentar reaver o dinheiro pago e trocar para o nosso hotel. Cerca de uma hora depois voltou com sua mochila, tudo certo. Enquanto esperávamos sua volta, ficamos andando pelo bairro, próximo à estação do metrô Jusseau, e percebi que era sábado, de manhã e – melhor – de sol. O melhor momento da semana. Paris é uma cidade maravilhosa sempre, mas num sábado de manhã de sol não tem comparação. Após mudarmos para o quarto triplo, ao lado, saímos para os passeios do dia.


Alpes 031 - Paris-Hotel-Minerve-quar

Começamos pelo Pantheon, com foto do trio em frente à Faculdade de Direito da Sorbonne. Seguimos depois pela avenida Soufflot até o Jardim di Luxembourg, onde o final da manhã de sábado completou o belo quadro. Circulamos por lá, tomamos sol e seguimos pela Blv St-Michel até a capela da St-Chapelle, onde o Neni entrou na boa com sua credencial de jormalista e nós pagamos †5,49 de ingresso. Antes disso, o estresse do Neni passando pelos detectores de metal com os filmes que não podem pegar RX. Visitamos a capela superior com seus vitrais impressionantes.

Alpes 033 - Paris-Colunas-Phanteon Alpes 040

Alpes 035 - Paris-Senado-ao-fundo

Saindo da St-Chapelle, voltamos à Notre Dame para fotografá-la. O sol incidindo nos vitraise na rosácea produz imagens impressionantes. Milhares de turistas como nós, e todos olhando para o Neni, com suas duas máquinas fotográficas penduradas no pescoço, uma com uma objetiva super-boa e a outro com uma grande angular. Eu, carregando o tripé. Ele tira fotos com as duas máquina alternadamente, alternando as lentes de uma para a outra, fazendo fotos para slide e preto-e-branco. Da Notre Dame, fizemos o caminho até o Pompidou, para então, na Place Igor Stravinski e seguindo até a Igreja de St-Eustache. Em frente, numa praça, há uma grande escultura de uma cabeça e um mão, que não lembro o nome. A igreja, por dentro, precisa de reformas. É úmida, a pintura das laterais não é boa e até pombas voam dentro dela.

Alpes 041Alpes 043

Neste momento, cerca de 3 pm, a fome começou a apertar, pois havíamos tomado café às 9am. Decidimos comer um hot dog (pão, duas salsichas, queijo) e depois ir até a Catedralde Sacre Couer. De onde estávamos (próximos ao Fórum de les Halles), decidimos ir até a estação do Louvre/Rivoli para, com uma baldeação, irmos até Montmartre. No caminho, encontramos uma banca e compramos cachorros-quentes. Perguntados pelo vendedor, não aceitamos maionese, mas sim mostarda e catchup. Ao comer, de repente tive a sensação de que a parte posterior da minha cabeça ia explodir, as minhas narinas ficaram completamente abertas e ardendo, e chorei. A mostarda era muito, mas muito forte, e a Jacque e o Neni tiveram extamente a mesma experiência que eu.

Refeitos do golpe, encaramos o metrô até a estação Abbesses, ao pé da colina (monte) de Montmartre. O que nos separava da Sacre Couer eram dois íngremes lances de escada que totalizavam quase duzentos degraus. Com (principalmente o Neni com todo o seu material) sofrimento, chegamos a uma Place du Tertre cheia de gente servindo de modelo para retratos, caricaturas, nos cafés, indo e voltando da catedral. Fomos até ela, iluminada pelo sol de fim de tarde, ponto de encontro de turistas, artistas de rua e seus espetáculos. Fotos, e então ficamos aguardando o pôr-do-sol para o Neni fotografá-lo junto com a torre. Um espetáculo digno da cidade.

Alpes 046Alpes 051

Voltamos de metrô ao hotel, com uma pequena parada num cybercafé para enviar a ‘A Sopa’ de forma precária. No hotel, descanso, banho de banheira com pequeno incidente comigo (tomei um “chupão” da banheira). Janta num restaurante grego e volta para casa.

Amanhã, último dia de Paris mas não de viagem.

Boa noite.

Saturday, January 21, 2006

01/02/02 – Paris (2º dia)

(Hôtel Minerve)

Jacque:

Estou absolutamente “morta” de cansaço! O dia foi de belíssimas e longas caminhadas…

Acordamos com o despertador às 8h30 para o café. No salão do café, casualmente encontramos dois guris que também eram de Porto Alegre. Depois do café, encontramos o Neni no saguão às 9h30, dia nublado e frio (acho que entre 7-10ºC) com cara de chuva mas, para nossa sorte, não choveu.

Saímos a pé com nossas mochilas (a do Neni deve pesar uns 15kg, com duas enormas máquina fotográficas e várias lentes igualmente enormes…). Fomos até a margem do Sena na parte posterior na Notre Dame, seguimos pela lateral e entramos na belíssima Igreja, apesar das cores dos vitrais estarem mais apagadas pela falta de sol!

Alpes 002 - Paris Fundos Notre Dame

Da Notre Dame, saímos pela margem esquerda da Ile de la Citté, descemos até a margem do Sena e seguimos até a Place Dauphinem que é a “ponta” da Ile de la Citté, logo em frente da bela Pont Neuf (que apesar de se chamar ponte nova, é a mais antiga de Paris [1578-1607]). Atravessando a Pont Neuf para a margem direita, fomos até o Louvre apenas para algumas fotos (vamos tentar visitá-lo no domingo, que é o primeiro do mês e, portanto, gratuito). Atravessamos saindo do Louvre, todo o deslumbrante Jardin des Tulleries, cheio de gaivotas boiando nos laguinhos e onde aroveitamos para sentar e descansar alguns minutos. Fotos, fotos e mais fotos, a nossas “turísticas” e as do Neni “artísticas”.

Alpes 013 - Paris-Trio-no-Louvre

Alpes 017 - Paris-Tulleries2

Seguimos, então, até a Place de la Concorde, já sem a roda gigante do milênio e subimos a pé toda a Champs Elyseés, sempre charmosa, parando apenas para câmbio na galeria do Hotel Claridge (por incrível que pareça, o melhor câmbio que encontramos: 1 Euro = 0.87 USD, sem taxas!). Fomos até o Arco do Triunfo para novas fotos. Não nos encorajamos a subir os trezentos e tantos degraus que levam ao topo.

Caminhamos toda a Avenue Keblér, onde o Marcelo comprou um cartão telefônico e após mais ou menos quinze minutos tentando se entender com um funcionário da Renault (em inglês e “portunhol”) conseguimos confirmar a retirada do carro, porém não na loja da Renaul e sim no Aeroporto CDG (bem mais longe).

Compramos um “croque monsieur” delicioso para mim e um sanduiche de baguette para o Marcelo e seguimos até o Palais du Chaillot e ao largo do Trocaderó para as tradicionalíssimas fotos da Torre Eiffel. A Torre está com parte coberta e com telas e andaimes (pintura?!) e, com isso, de perto, acaba não ficando tão bonita… Seguimos pelo Champ de Mars atrás da Torre e caminhamos até o Hôtel des Invalides (museu do exército e mausoléu de Napoleão, recebeu este nome porque abrigava os veteranos da Revolução Francesa que não tinham “abrigo”). Não entramos para visita – os portões já estavam fechados.

Alpes 022 - Paris-Trocadero-Torre

Seguimos, já exaustos, até a ponte Alexandre III, construída especialmente para a Exposição Mundial de 1900 (assim como a torre) e de onde se tem uma bela visão da torre, o Petit Palais, Grand Palais e Place de la Concorde. É uma pena que as duas grandes esculturas do quatro cavalos com o anjo (Quadrigade de Récipon) que ficam nas extremidades do Grand Palais foram retiradas para restauração.

Pela Rive Gauche do Sena, seguimos, absolutamente mortos (pernas e pés doendo e risco iminente de “ruptura de bexiga”…), passamos pela frente do Museu D’Orsay e logo após os guris pararam para fazer câmbio para o Neni. Na frente da casa de câmbio dizia 1 USD = 1,178 Euro. O melhor câmbio! O Neni trocou USD 100 poreem recebeu com câmbio de 1,12! Foi a maior briga, os guris discutindo, o velho gritando, pois aquele valor era de venda de dólar e não de compra (baita golpe…). O cara se negou a devolver os dólares pois já havia registrado. Indignados, os guris acabaram desistindo e foram embora, revoltados.

Finalmente chegamos ao Blv St-Germain onde pude parar no McDonald’s para fazer um McMix… Após, fomos “nos arrastando” até o hotel, onde o Neni subiu conosco. Eu, após um revigorante banho de banheira, estou quase pronta para começar tudo de novo (menos, Jacqueline, menos…).

Até.

22:30 - Acabamos de voltar da nossa janta! O Neni saiu direto para o albergue e o Cello e eu descemos até o Blv St-Germain e jantamos no Café (Pizza des Artes, ao lado do Brioche Doreé). Eu comi pizza napolitana (com anchovas e alcaparras – ótima!) e o Cello, Regina (presunto e cogumelos), tomamos “Biérre a pression” (vulgo chop, Kronenberg) e dividimos uma sobremesa deliciosa chamado “Merengo” (sorvete com merengue e calda de frutas vermelhas).

Quando voltávamos para o Hotel, paramos para tentar novamente ligar para o Vicente, que está de anoversário hoje (e que queria muito estar aqui conosco!). Desta vez conseguimos! Foi ótimo falar com ele, que ficou “super-emocionado” e disse que estava chorando de alegria no corredor do supermercado… grande Vicente, felicidades!!

Voltamos muito satisfeitos para o hotel. Agora vamos dormir que amanhã tem muito para se fazer.

Beijos!

Friday, January 20, 2006

31/01/02 – Paris

Hôtel Minerve

Marcelo:

O vôo, que saiu às 23h50, foi realmente muito tranquilo. Momentos antes do embarque, comprei uma revista para ler na noite insone que me aguardava e, já na poltrona 36K, corredor à esquerda de quem entra, ajeitei-a para ler após a janta e quem sabe o filme, que descobri ser ‘Inteligência Artificial’, do Spielberg, o que não me animou muito, um filme de razoável a bom que se perde no final e eu não queria ver de novo. Sentia-me cansado, os olhos “pesados”, mesmo antes da janta e do Dormonid que tomei ao seu final, mas que não teve tempo de entrar em ação porque, segundo a Jacque, apaguei dormindo logo ao sentar na poltrona de volta do banheiro. O relógio já ajustado no fuso horário francês, dormi com pernas muito pouco inquietas, para meu espanto.

Quando ainda faltavam cerca de quatro horas para chegarmos em Paris, fomos todos despertados por uma solicitação de uma comissária que se houvesse algum a bordo, se apresentasse. Muito mais em busca de ação do que acreditando que poderia ajudar, atravessei o avião e fui onde estavam algumas comissárias e – logo identifiquei – um médico francês conversando com uma senhora idoso, a quem parecia faltar o ar. Fiquei observando por alguns instantes e tentei conversar com o colega, que não me deu atenção. Tentava fazer funcionar um monitor cardíaco mas não conseguia conectar os cabos ao aparelho. Comecei a ajudá-lo, tentando desentortar as conexões, sem sucesso. Neste meio tempo, transportamos a paciente para a classe executiva, onde ficaria mais confortável.

Quando pude, afinal, examinar a paciente e discutir o caso com o colega, chegamos a mesma hipótese diagnóstica: embolia pulmonar. Fui, então, chamado à cabine de comando onde expus o caso e nossa opinião de que deveríamos pousar o mais rápido possível. Faltavam, neste momento, duas horas para chegarmos em Paris e 1 horas (para trás) até Lisboa, local mais próximo. Foi solicitado que eu colocasse os fones e passasse o caso – em inglês – para uma central médica de comando, situada em Estocolmo. Com meu inglês (à época) meia-boca, quebrei o galho, mas a decisão foi prosseguir até Paris, mesmo que não tivéssemos recursos outros que não oxigênio por uma máscara muito precária. Fomos até o destino de olho na paciente, que chegou em condições adequadas para ser atendidas pelos médicos de terra. Com isso tudo, conquistei a simpatia da tripulação, que me ofereceu um lauto café da manhã (meio dia hora de Paris) na classe executiva.

Chegamos bem, junto com nossas malas, mas sem carimbo no passaporte para provar que entramos. Prontos, pegamos um táxi após fazer câmbio, e após não muito longa viagem, chegamos ao nosso hotel. Chegar no Hôtel Minerve, rue des Écoles, 13, vizinho de porta do Hote Família, é como voltar para casa. O pinheiro de natal não está no lugar, mas em dezembro volta. Instalados no quarto 401, tomei um banho rápido para “tirar o avião do corpo” e desci para esperar o Neni, meu irmão, que não via há 1 ano, chegar de toca de lã escondendo o cabelo meio comprido. Olho bem para “re-conhecer” o irmão que não é pródigo porque ainda não voltou.

Já com a Jacque junto, saímos a andar sem compromisso, ele conhecendo e nós matando as saudades da cidade, do Brioche Dorée, da padaria Paul, o rink de patinação em frente ai Hôtel de Ville, o entardecer de céu azul passando tonalidades avermelhadas até escurecer totalmente e a cidade mostrar porque é luz. À noite, o ritual: spaguetti a fruits de mer do La Comedia, Neni, Jacque e eu e o vampiro Pierre representando o Fred. Maravilhoso.

Alpes 001 - Paris Hote de Ville

A temperatura à tarde era de 13ºC.

Vive la France!

Wednesday, January 18, 2006

30/01/02 – São Paulo

Aeroporto de Guarulhos

Marcelo:

Contaré toda la verdad, diz o jornal do homem que está sentado bem à minha frente, aqui na sala de embarque internacional do Aeroporto de Guarulhos, onde estamos aguardando o vôo que sairá em 1h40min. Este é o início de mais um Diário de Viagem, assim como o foi o dos Perdidos na Espace, que virou livro.

Que el autor pague con su vida, diz outra manchete. Espero que consiga dar algum toque literário nestes escritos, pois é isso o que sou, um contador de histórias. Vou procurar ser persistente nesta tarefa, que na última vez foi executada brilhantemente pela minha parceira de sempre e amada esposa, a Jacque. Que também vai escrever a sua versão. E vamos nós de novo!

Esta viagem que começa agora é diferente das outras que fizemos para a Europa por duas razões básicas: primeiro, porque vamos só nós dois desde o início, desde Porto Alegre. Na vez do 'Natal na Neve', fizemos metade do roteiro sozinhos, o que foi ótimo, mas havia um grupo - mesmo que nada coeso - que saiu de Porto Alegre, e a segunda parte - quando incluímos o Fred - foi tão legal quanto a primeira. A segunda diferença das anteriores, e que talvez seja conseqüência delas, é que o tempo de planejamento foi menor e, conseqüentemente, a ansiedade pré-embarque também. A preparação foi tranqüila, assim como está sendo o seu início. O que não quer dizer que estamos menos felizes ou com menos expectativas e certeza de que será tudo maravilhoso. Diz um velho adágio (meu) que 'não existe a menor possibilidade de um viagem ser ruim', e não a dúvida de que esta irá confirmar a regra.

Mesmo com menos tempo e ansiedade, a viagem está muito bem estruturada e planejada. Vamos começar por Paris, a cidade que mais conhecemos fora do Brasil, no Hotel Minerve, a grata surpresa da virada 2000/2001. De lá, o Quartier Latin, vizinhos da Sorbonne, voltaremos a lugares queridos por nós (mesmo que estupidamente turísticos) e conheceremos outros que ainda não tivemos oportunidade, como a Saint Chapelle. Jantaremos, já na noite de amanhã, no simpático La Comédia, na Rue Monge, perto do Hotel de France, onde ficamos com os Perdidos em 1999, há algumas quadras do Minerve, com o seu indescritível spaguetti a fruits de mer, coberto de camarões gigantes e moulles.

Em Paris ainda, reencontrarei o meu irmão, e poderemos matar as saudades de um ano em que mora nos Estados Unidos - de onde viu e fotografou de perto a queda das torres - provavelmente tomando um café no La Brioche Doreé, na esquina dos boulevards Saint-Michel e Saint-Germain, acompanhado de uma tortelette de chocolate com banana que faz valer a pena sofrer a noite toda de pernas inquietas da classe econômica que nos espera.

Depois de Paris, Lyon, os Alpes franceses, o Piemonte e Val d'Aosta, o túnel do Mont Blanc, Suiça, Viena e o norte da Itália, os alpes italianos e - quem sabe - Garda e Como. Tudo de Renault Laguna, um upgrade sempre muito agradável. Vamos viajar, é o que importa. Importa o caminho, assim como as pessoas é que valem a pena. Até amanhã.

Jacque:

… E lá vamos nós…

Puxa vida, lá estamos novamente eu e o Cello embarcando para uma nova aventura européia… É maravilhosa, nada como “ralar” o ano inteiro para finalmente poder desfrutar de mais uma insquecível viagem de férias! Desta vez seremos só nós dois, os primeiros dias em companhia do Neni e após apenas Cello, Jacque, o Renault Laguna e as férias!

Esta semana foi super-corrida, tinha muitas coisas para serem resolvidas, alguns pacientes que não consegui dar alta antes das férias, e toda a confusão para deixar em ordem o material da Janssen (estudos clínicos).

Segunda `a noite tivemos uma fabulosa janta de despedida lá em casa. O Cello fez pão de passas (do Olivier) e um pernil de ovelha fantásticos! Eu fiz (só para variar) cogumelos com crème de queijo, arroz sete cereais com molho branco, saladas e Tiramisú. Além disso, vinho e champagne, etc. Foram a Zeca e o Pedro, o Adriano, o Magno, a Clau a Ale, a Dani e a Aline. O Magno ficou conversando com o Marcelo até às 3h da manhã e acabou dormindo no nosso sofá da sala.

Ontem (terça, 29/01) teve churrasco de despedida na mãe com a Kaká, Xú, Bi, Pai e Mãe, e também foi dez… Hoje o dia foi de férias… muito calor e sol, terminamos de arrumar as bagagens, fomos ao banco, shopping, etc.

O pai nos levou para o aeroporto às 18h. Aliás, vale comentar que o nosso aeroporto novo está realmente deslumbrante, supermoderno, bonito e confortável: um luxo. Foram ao aeroporto para as despedidas o ‘seu’ Gilberto, a Tânia, o pai e a mãe. Às 19h20 embarcamos. O vôo até São Paulo foi bem tranquilo, não estava lotado e já estávamos no MD-11 que mais tarde nos levará para Paris. Na saída, com céu muito claro, foi possível ver a free-way e todo o nosso litoral, bem legal.

Agora estamos na sala de embarque de Guarulhos e aguardamos nosso vôo que deve partir às 23h40. Espero que seja uma noite tranquila e que esta viagem, como todas as anteriores, seja maravilhosa.

Buon voyage!

Saturday, January 14, 2006

Europa Alpes & Lagos – Inverno 2002

Alpes 306 - Cartão Postal Passo sella Alpes 316 - Riva del Garda

Prefácio

Viajar já se tornara um vício. Daí para ficarmos viciados em escrever diários de viagem foi um “pulinho”. Depois de eu ter escrito o relato da viagem dos Perdidos na Espace e o transformado num livro, com capa e dedicatória, foi a vez da Jacque escrever o seu: o recém terminado “Europa 2000 – Natal na Neve”, que também foi impresso, encadernado e ganhou capa e prefácio escrito por mim.

Percebi que, além de reforçar a lembrança daquilo que foi vivido nas férias em trânsito, ao escrever um diário de viagem ganhamos um registro para o resto da vida. Um caderno de notas escrito à mão amassa durante a viagem e, por ser pequeno, pode ser perdido se deixado numa gaveta qualquer. Os diários impressos, não, estes ficam na estante junto com os outros livros (encho a boca para dizer, LIVROS), a postos para consultas, para quem sabe um dia uma nova geração de viajantes comece a imaginar lendo-os.

Por isso, escrever diários de viagem tornou-se uma obrigação para quando viajássemos, sem dúvidas. Na primeira vez, eu escrevi, e, na segunda, foi a Jacque. Quando surgiu a possibilidade da terceira, decidimos os dois escrever, o que mais que dobrou o meu trabalho para editar (eu sou o editor dos nossos diários de viagem) os escritos.

Dessa vez, não houve uma preparação muito longa antes de partir. Ao invés dos longos onze meses de espera das duas viagens anteriores, dessa vez decidimos viajar quatro meses antes da data da partida. Além disso, dessa vez fizemos a viagem sozinhos, com exceção dos dias em Paris, um destino que não pode faltar, quando estivemos junto com o Neni, meu irmão, que estava morando em Nova York e foi passar duas semanas na Europa e nos encontrar.